domingo, 16 de setembro de 2012

Devaneio dominical





Alguma coisa mudou. Houve um tempo em que eu gostava de poetizar. É bem verdade que nunca gostei dos meus poemas, e hoje, quando tive a oportunidade de reler alguns dos meus devaneios colocados no papel, gostei menos ainda. Muito drama. E percebo que dramática ainda sou, talvez até um pouco mais que antes. Mas, resolvi ser diferente. Desejei sob o sol de domingo ser menos explosiva, menos impulsiva, menos egoísta, mais centrada e ao mesmo tempo menos apegada. Desejei respeitar mais as pessoas, e buscar caminhos que me fizessem me sentir em paz, mesmo que esta paz seja inquietante. Desejei admirar o vento, o mesmo vento que uma menina feinha, triste e cega denominou como indócil, em um poema que não gostei.

Indócil

Vem, vento, vagando veemente,
Vasculhando valas,
Vedando o vazio da vida.

Vem, velando o que é vago,
O que é vadio.

Vem, em forma de vaga-lume,
Com vasto brilho,
Vencendo a escuridão do olhar.

Vem, em forma de vapor,
Varrendo toda viscosidade
Que impede a vista de ver.

Vai agora, vento,
Vagarosamente,
Velho,
Veludoso,

Vai-vem com vontade,
Dando verdade à minha incitação.

Um comentário:

  1. Gostei do poema. Parabéns. Acho que é normal alguns poetas não gostarem dos próprios poemas, principalmente quando releem os antigos.
    Bom domingo.
    Grande abraço.

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