É possível
entender o amor? Junto-me ao coro da Legião para dizer: “Quem inventou o amor,
me explica, por favor”. Que sentimento mais complicado (e às vezes até simples demais
– paradoxal), e tão sublime, que não se permite ser explicado em palavras.
Tantas são as palavras que temos a nossa disposição. A linguagem é tão rica, mas
às vezes tão insatisfatória para representar aquilo que sentimos. Quando se
tenta prender o amor em palavras, elas fogem. É como se não pudessem se
permitir traduzir o amor, por este ser tão mutável, e por se manifestar em cada
pessoa de maneira ímpar, e ser agente transformador a cada dia.
O Amor, velho
senhor meio caduco, não é um sujeito fácil de entender. Mora numa casinha muito
simples, nem mobília e nem energia elétrica tem. Apenas uma vela tentando
iluminar a casa, e esta, fica depositada no chão, em um cantinho, bem de lado.
Quase não ilumina. Mas tudo bem. O Amor já está meio ceguinho mesmo. O que
acontece é que ele adora jantar a luz de velas, e por isso, mesmo sem enxergar,
faz questão de manter a chama acesa. Na sua casinha, tem uma vitrola também.
Nas noites, gosta de sentar na varanda e contar as estrelas ao som de Roberto
Carlos... “como é grande o meu amor por você”, Vinícius de Moraes... “eu sei
que vou te amar”, Tom Jobim... “ah, se já perdemos a noção da hora”, Chico Buarque... "não se afobe não, que nada é pra já". Há quem
diga que ele é um pouco antiquado, brega. Mas quem liga pra isso?
Às vezes se
faz de criança, pirracenta e mimada. Quer por que quer aquela pessoa, e não
descansa enquanto não obtiver pelo menos um olhar. Faz de tudo pra isso. Gosta
de chamar a atenção. Quando está assim, como criança, o Amor também se torna
muito brincalhão, parece vivenciar tanta felicidade, que anda pelas ruas
cantarolando, com um risinho no rosto. Parece não caber em si mesmo!
Por vezes o
Amor, vestindo-se de jovem adolescente, rende-se ao drama. Parece até gostar de
sentir dor de cotovelo. Usa a vitrola do “velho Amor” para ouvir músicas de
abandono, desespero, amor perdido, amor não concretizado, amor que não deu
certo. Gosta de ouvir no último volume. Se não bastasse ouvir, desembesta-se a
cantar. E canta alto, quase gritando, embargando a voz com soluços e lágrimas.
Chora na frente do espelho, para ver suas lágrimas caindo. Tem horas também que
se tranca no quarto e emudece. Faz seu travesseiro de companhia e abre-se
apenas para os pensamentos que parecem uma avalanche.
Já quando quer
ser maduro, o Amor se lança numa estrada e segue sem muito rumo, para refletir.
Gosta de refletir, pensar na vida, nas atitudes que tomou, e pede desculpas
sempre que necessário. Evita discussões desnecessárias. Entende seus limites e
o limite do outro. Respeita. Compreende. Faz carinho. Desperta desejos, mas não
toma ninguém por refém. Valoriza a liberdade. Liberdade de escolher estar junto
ou não. Maduro, o Amor valoriza cada instante vivido e não se importa tanto com
os julgamentos alheios.
Amor, tão
mutável! Ora maduro, ora criança, causa tanta confusão dentro de nós! Tão
difícil entendê-lo e tão inimaginável viver sem ele. Mas que delícia é
transformar-se junto com o amor. Se ele não cabe em palavras, cabe em lábios
mudos, abraços apertados, mãos que se apertam e pés que seguem juntos, lado a
lado, num caminho que não se sabe onde vai dar.
Simplesmente, genial!!! Um deleite! Eu só conseguiria me expressar por meio de uma estrutura de palavras que prescindam coerência lógica. Foi uma explosão estupenda e incontrolável de sentimentos e pensamentos!!! Magnífico! Fabuloso! Sútil... Se me veio a vontade de divulgar este lindo texto para todos os habitam este planeta. Que trabalho árduo, colossal seria o de tradução, não? Fiquei chocado com tuas palavras. Meu dia tornou-se mais feliz!
ResponderExcluirConjecturāle!
POXA VIDA.
ResponderExcluirVamos escrever um livro a dois! Eu escrevo a parte sem noção.